núcleos e projetos

1) Núcleos de Estudos e de Pesquisa

a) Práticas jornalísticas – Coordenação: Profa. Dra. Angela Zamin

Produzir estudos sobre produtos e processos jornalísticos a partir de diferentes registros sobre as práticas e fazeres da área.


b) Jornalismo, contemporaneidade e reconhecimento – Coordenação: Prof. Dr. Reges Schwaab

Produzir conhecimento sobre jornalismo, reportagem, literatura de não ficção e os lugares e temas (in)comuns do jornalismo narrativo na América Latina.


c) Estudos em Mídia Sonora – Coordenação: Profa. Dra. Mirian Redin de Quadros

Produzir estudos sobre as práticas e produções jornalísticas em áudio, considerando as diversas modalidades contemporâneas de expressão sonora.


c) Estudos de gênero e práticas de comunicação – Coordenação: Profa. Dra. Vera Martins

Produzir conhecimento sobre os atravessamentos das questões de gênero nas práticas de/da comunicação.


b) Projetos de pesquisa em andamento

  1. Profa. Angela Zamin  
  • Gramática do jornalismo entre o conflito e a paz (2018 – 2019)

Descrição: A pesquisa pretende identificar e analisar experiências de formação de jornalistas com vistas ao enfrentamento de conflitos e à construção de processos de paz que se sustentem, considerando o papel destes profissionais e dos meios em que atuam quando da elaboração de narrativas e reflexões sobre o conflito, a construção da paz e o pós-conflito. Considera-se, para tanto, a experiência colombiana. Como ponto de partida propõe a realização de entrevistas em profundidade (Duarte, 2012; Hissa, 2013; Marocco, 2012) com jornalistas e professores de Jornalismo que, a partir de diversos espaços de formação e prática profissional, como as redações, as associações laborais e as faculdades de Jornalismo, têm proposto ferramentas e programas destinados à promoção de visadas críticas às agendas, aos discursos e aos atores. Pretende-se discutir como aportar uma cultura de paz desde a formação em Jornalismo.

  •  A crítica das práticas no interior do sistema jornalístico  (2016-2018)

Descrição: Descrição: Procedimentos regulares, repetidos cotidianamente, formam um regime das práticas (Foucault, 2005), dos processos que estruturam e organizam rotinas, determinam o fazer, colocando-se como adequados a um modo de objetivação jornalística. É no exercício em organizações jornalísticas, com suas políticas editoriais e controles e em meio a valores profissionais e a regras que disciplinam a recolha e o relato dos acontecimentos que os jornalistas forjam-se enquanto tal. Sobre as práticas individuais, contudo, incidem controles empresariais e editoriais que silenciam temáticas e acontecimentos, alteram a linguagem e controlam condutas, estabelecendo as condições de produção de significados. A presente pesquisa se volta à apreensão do que não se diz; do silêncio sobre certas práticas jornalísticas cotidianas ao tomar para análise espaços outros (Foucault, 2009), como livros de repórter (Marocco, 2011; Zamin, 2015) e perfis de jornalistas em redes sociais digitais, assumidos aqui como instâncias de acolhimento de críticas às práticas jornalísticas (Berger; Marocco, 2014) e de transgressão (Foucault, 2009). Interessa, todavia, percorrer textos em que certa categoria de jornalistas os de internacional, como correspondentes, stringers e freelancers examina como os acontecimentos se engendram e elabora uma crítica articulada à experiência.

2. Profa. Vera Martins

  • Leituras íntimas: comunicação, leitura crítica da mídia e relações gênero na afetividade de mulheres e homens (2016 – 2019)

Resumo: O projeto visa a reflexão e formação crítica de alunas e alunos nos temas que articulam a comunicação – leitura crítica da mídia, e as relações gênero na afetividade de mulher e homens. O eixo teórico-crítico que orienta as reflexões é o papel das mídias na reprodução dos papéis tradicionais de gênero na sociabilidade afetiva de mulheres e homens. Ao final da execução deste projeto espera-se que as/os participantes tenham condições de multiplicar conteúdos críticos na forma de oficinas de leitura crítica da mídia, que deverão ser ofertadas em um futuro projeto de extensão.

3. Prof. Reges Schwaab

  • Nosso lugar (in)comum: o jornalismo narrativo como potência epistemológica no cenário latino-americano (2018 – 2019)

Descrição: O projeto busca trabalhar os contornos conceituais, bem como a prática do jornalismo narrativo. Traz a Colômbia como espaço propulsor de um diálogo sobre o jornalismo e a produção da reportagem que pode alcançar os demais países da América Latina (AL), com especial atenção ao Brasil. Considera o jornalismo não um falar do mundo, mas um “falar no mundo” (RESENDE, 2014), para que esse narrar possa aparecer como potência. O jornalismo narrativo é, então, o intervalo interpretativo para explorar as bordas conceituais e o saber advindo de sujeitos desse conhecimento, de como se movimentam e propõem sua prática. Para tanto, será realizada uma leitura aprofundada de produções teóricas, periodísticas, bem como entrevistas com jornalistas colombianos e brasileiros. Trata-se também de incluir no pensamento sobre jornalismo narrativo o Brasil e potencializar caminhos teóricos comuns para o diálogo científico. Desdobrar os gestos de sondar, narrar e reconhecer encerra o desafio de alcançar uma escrita jornalística como lugar de fissura, possíveis pontos de contato e diferenciação. O engajamento na pesquisa sobre as práticas e a internacionalização, pela colaboração entre pesquisadores, é o caminho para potencializar a investigação em jornalismo; assim como ampara, de igual modo, a presente proposta de estágio pós-doutoral.

  • A fundação da reportagem no gesto do reconhecimento (2016-2021)

Descrição: O projeto pretende ampliar a discussão das interfaces da narrativa jornalística para além da tradicional herança e relação com a literatura e a história. Para tanto, busca dirigir o debate sobre a reportagem jornalística e sua construção narrativa como devedora do gesto de reconhecimento, mantendo em permanente evidência o Outro como dimensão primeira do gesto comunicativo. A partir dessa investigação, impulsionada por projetos anteriores, passamos a procurar entender o narrar jornalístico como contratempo, almejando alcançar sua potência como ruptura, como o que abre a possibilidade do possível (Marcos, 2007). O Outro como questão sintetiza um convite inquietante ao fim da distância, em que pese ele estar, paulatinamente, constituindo um limite à aproximação. Para Paul Ricoeur, a reciprocidade do reconhecimento é a exigência ética mais profunda. Em Emmanuel Lévinas (1980; 1993), o princípio ético absoluto é o cuidado com o outro, que decorre de uma responsabilidade incondicional e infinita como estrutura fundamental da subjetividade. O recorte empírico considera o que denominamos, a partir de Foucault (2009) de outros espaços, ou seja, narrativas que funcionem em condições não-hegemônicas de produção e circulação. Vamos ao encontro de produções que possam produzir algum tipo de ruptura sobre o contemporâneo, fazendo trabalhar um corpus selecionado entre reportagens e crônicas jornalísticas de diferentes países da América Latina. A motivação conceitual-metodológica considera que essa produção jornalística heterotópica, advinda dos cacos e das migalhas (Gagnebin, 2010), pela significação do insignificante, se transvestiria em potência.


Projetos anteriores

1. Saber jornalístico: a contribuição dos livros de repórter  | Profa. Angela Zamin (2015/2016)

Descrição: A pesquisa está centrada em livros escritos por repórteres. No espaço que ocupam, o de um relato que elabora uma exegese do próprio jornalismo, interroga-se a validade do conceito livro de repórter (Marocco, 2011; Zamin, 2011), por uma parte, e a constituição de uma hermenêutica do jornalismo, de seus saberes e fazeres (Foucault, 1999), por outra. Um itinerário de análise possível para os livros de repórter consiste em identificar e reconhecer as variedades de práticas jornalísticas. Outro, a imprecisão do funcionamento profissional. Ainda, as rotinas habituais do trabalho jornalístico e o modo como estas afetam os jornalistas e o Jornalismo. Dentre os movimentos de pesquisa estão a seleção e o exame de um conjunto de livros de repórter com vistas ao questionamento da qualidade interpretativa deste conceito, abrangência e características. O projeto foi iniciado na Universidade Federal de Ouro Preto, em 2014.1, suspenso, e continuado na Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista: Tonie M. Gregory dos Santos (FIPE/CESNORS/UFSM)

2. Jornalismo e os entrelugares da experiência: sondar, narrar, reconhecer  | Prof. Reges Schwaab (2015/2016)

Descrição: Nesta pesquisa, que avança a partir de investidas anteriores no tema, seguimos tecendo intervalos para abordar teórica e metodologicamente a narrativa jornalística e sua relação com a experiência e o tempo presente. Focalizando um espaço criado pela iniciativa de jornalistas no contexto comunicacional digital, vamos tensioná-lo pelos modos de aproximação, acesso e reconhecimento das emergências da atualidade. Que o jornalismo consiga alcançar o contemporâneo é uma intencionalidade de investigação mais ampliada, em busca de lugares que funcionem em condições não-hegemônicas e cuja ação possa produzir algum tipo de ruptura sobre o nosso tempo, permitindo, de igual modo, problematizar a escrita jornalística. O recorte empírico tem por base reportagens publicadas pela agência Pública, financiadas de forma independente e colaborativa por um sistema de bolsas de reportagem.

3. Jornalismo e narrativa: percursos e procedimentos de duas repórteres brasileiras na Palestina  | Prof. Reges Schwaab e Profa. Angela Zamin (2014/2015)

Descrição: O presente projeto pretende discutir jornalismo, narrativa e questões emergentes do contemporâneo e seu aparecimento no campo jornalístico a partir da produção de jornalistas em livro. A aproximação se da, em especial, em torno da experiencia e da narrativa de duas repórteres brasileiras, Helena Salem e Adriana Mabilia, na cobertura da questão Palestina. Buscamos trabalhar, de forma tentativa, as pistas que ofertam em seus escritos, no esforço de dar a ver diferentes aspectos da própria pratica jornalística a partir dos livros, tomando como categorias a dimensão da experiencia, os procedimentos e a critica a cobertura e ao tema que elegem em suas obras.